No último dia da campanha Fevereiro Laranja & Roxo vamos falar sobre a leucemia, que é um tipo de câncer do sangue. Segundo o INCA (2023), sem considerar os tumores de pele não melanoma, a leucemia ocupa a décima posição entre os tipos de câncer mais frequentes no Brasil. Você sabia que existem diferentes tipos de leucemia? Cada um destes tipos possui tratamento específico, porém, todos têm uma coisa em comum: a urgência no diagnóstico e a possibilidade de bons resultados no tratamento – incluindo a cura!
Convidamos a Médica Oncologista Clínica e Hematologista Oncológica, Dra. Bruna Fischer, para responder as principais dúvidas sobre o assunto. Bruna faz parte do Corpo Clínico da Saint Gallen e é também Responsável Técnica da Clínica de Oncologia Unimed em Santa Cruz do Sul.
- O que é a leucemia e quantos tipos existem?
Dra. Bruna Fischer, Médica Oncologista Clínica e Hematologista Oncológica: Leucemias são doenças que se originam a partir de glóbulos brancos normais, dentro da nossa fábrica do sangue, a medula óssea, um órgão localizado no interior dos ossos da coluna e bacia. Quando essas células adoecem, elas passam a atrapalhar o funcionamento normal da medula e a produção de células sanguíneas normais, ou seja, os glóbulos brancos, que são as células de defesa, começam a se reproduzir de maneira descontrolada. Existem diversos tipos de leucemia, divididos em dois subgrupos: leucemia aguda e crônica.
- Qual a diferença entre leucemia aguda e crônica?
Dra. Bruna Fischer, Médica Oncologista Clínica e Hematologista Oncológica: As leucemias crônicas ocorrem quase que exclusivamente em adultos, e, em muitos casos podem ser doenças de pouca agressividade. Já as leucemias agudas são doenças graves que surgem em poucos dias e com sintomas abruptos, como febre, manchas roxas ou pequenas manchas vermelhas pelo corpo, sangramentos na boca e nariz, anemia aguda e grave. Nas crianças o subtipo mais comum é a leucemia linfoblástica aguda, que apresenta chances elevadas de cura, em torno de 85%. Nos adultos, a leucemia mielóide aguda é a mais comum, e as chances de cura dependem de alguns fatores clínicos e idade. O diagnóstico é feito através da coleta de medula óssea.
- Quem pode ter?
Dra. Bruna Fischer, Médica Oncologista Clínica e Hematologista Oncológica: Algumas leucemias podem ocorrer em uma faixa de idade mais específica como a leucemia linfoblástica aguda, que é mais comum em crianças abaixo dos 5 anos. Já a leucemia mielóide aguda e a leucemia linfocítica crônica tendem a ocorrer em pessoas acima de 65 anos, mas isso não é uma regra, pessoas mais jovens podem também desenvolver a doença.
- Se alguém na família (pai, mãe, irmão) teve leucemia, é possível saber se o indivíduo também terá a doença? Existe algum exame que possa ser feito?
Dra. Bruna Fischer, Médica Oncologista Clínica e Hematologista Oncológica: Nesse grupo de doença não costumamos ter uma ligação com a hereditariedade, mesmo que uma pessoa da família tenha desenvolvido a doença, na grande maior parte dos casos, isso não deve ter um padrão familiar. Um pequeno grupo de leucemias podem se originar de uma doença chamada mielodisplasia ou Síndrome de Mielodisplásica.
- Tem como prevenir a leucemia?
Dra. Bruna Fischer, Médica Oncologista Clínica e Hematologista Oncológica: A maior estratégia de prevenção está ligada a uma alimentação saudável e uma vida longe do tabagismo. Alimentos embutidos, como a salsicha, devem ser evitados, principalmente para crianças, pois vários estudos já demonstraram uma maior prevalência das leucemias com o consumo exagerado desses alimentos. Exercícios físicos também são indispensáveis.
- Quais os principais sintomas?
Dra. Bruna Fischer, Médica Oncologista Clínica e Hematologista Oncológica: Fraqueza, sangramentos, manchas roxas no corpo, dores nas pernas, febre, gânglios aumentados, dor e aumento na região esquerda do corpo (baço).
- Anemia persistente pode ser sinal de leucemia? Anemia evolui para leucemia?
Dra. Bruna Fischer, Médica Oncologista Clínica e Hematologista Oncológica: A grande maioria das anemias estão relacionadas com a falta de ferro ou outras vitaminas, ou até mesmo a outros problemas em nosso organismo, como doenças dos rins, fígado, tireoide. Essas anemias nunca se transformam em leucemias. Mas existe uma situação muito específica em que a anemia vem de um defeito da medula chamado mielodisplasia: somente nesses casos podem haver a evolução e transformação para leucemia mielóide aguda. Mas muito cuidado: nem toda anemia persistente sinaliza leucemia. Somente o médico especialista poderá orientar o paciente e determinar o diagnóstico correto.
- Em caso de suspeita, qual médico devo procurar?
Dra. Bruna Fischer, Médica Oncologista Clínica e Hematologista Oncológica: Em casos de suspeita, deve-se procurar imediatamente um médico, preferencialmente o Médico Hematologista. Uma primeira avalição pode ser feita pelo seu médico de confiança, muitas vezes o médico que já acompanha a família, ele então, havendo necessidade, irá direcionar o paciente para o atendimento com especialista. Se o diagnóstico for confirmado, o Oncologista Clínico ou o Hematologista Oncológico vai estar apto a prescrever o melhor tratamento.