Entenda porque cólicas fortes e fluxo intenso de menstruarão são sinais que merecem sua atenção e atendimento médico especializado.
Uma doença que atinge 10% de todas as mulheres que menstruam no mundo. No Brasil estima-se que de 7 a 8 milhões de mulheres tenham a doença – os dados do Ministério da Saúde mostram ainda que essa paciente pode levar até 8 anos para receber o diagnóstico correto. A Endometriose é uma doença crônica e que precisa ser tratada. Entre os sintomas estão: cólicas fortes, fluxo intenso de menstruação e dores durante a relação sexual.
Para contribuir na conscientização da doença e alertar o maior número possível de mulheres para que busquem atendimento médico especializado, foi criada, por uma ativista norte-americana, a campanha Março Amarelo.
A Saint Gallen, Ações e Terapias em Saúde, conta com uma dupla de médicos que vem realizando diagnóstico correto e tratamento minimamente invasivo. A Ginecologista e Mastologista, Dra. Indira Dini Schwengber se aliou ao marido, o Cirurgião Oncológico, Dr. Alex Schwengber, para juntos buscarem conhecimento científico atualizado e oferecer melhores soluções para pacientes de Santa Cruz do Sul e região. Convidamos os médicos para responderem as principais dúvidas sobre o assunto.
1. O que é a endometriose?
A endometriose é uma doença inflamatória crônica definida como a presença de tecido endometrial fora do útero. O endométrio é a camada que reveste o útero por dentro, sendo esta a única localização normal deste tecido. A implantação dos focos de endométrio na cavidade extrauterina (endometriose) é dependente de estrogênio, e, portanto, acontece em mulheres na idade reprodutiva, embora as consequências clínicas da endometriose e o seu manejo possam durar até a pós-menopausa.
2. Por que ela acontece? Tem fator genético envolvido?
Ainda não existe uma explicação bem definida do que realmente causa a endometriose. Sabe-se que a endometriose é uma doença de herança familiar poligênica, com uma fisiopatologia complexa e com diferentes formas de apresentação (implantes endometriais superficiais / peritoneais, endometriomas – cistos ovarianos de endometriose, endometriose profunda infiltrativa). Algumas teorias defendem que os focos de endometriose possam surgir pela menstruação retrógrada, em que uma parte do sangramento menstrual suba pelas trompas para a cavidade pélvica, originando os implantes; outras teorias defendem a transformação espontânea de células mesoteliais (localizadas no peritônio e na pleura) que possam sofrer uma transformação (metaplasia) e se tornar células de endométrio, sob estímulo estrogênico. Existe uma herança genética complexa, visto que mulheres de uma mesma família tem uma chance maior de desenvolver endometriose.
3. Existe alguma maneira de prevenir?
Não existe uma maneira de prevenir a endometriose. Mas podemos diminuir os focos da doença fazendo o tratamento recomendado, além de cultivar hábitos de vida saudáveis que vão reduzir a resposta inflamatória, como atividade física regular e alimentação adequada orientada por nutricionista.
4. Por que ainda é tão difícil diagnosticar esta doença?
Embora nem todas as mulheres com endometriose sejam sintomáticas, a dor associada à endometriose e a infertilidade são as principais características clínicas da doença, afetando não apenas as mulheres com endometriose, mas também seus parceiros e familiares. O atraso no diagnóstico da endometriose ainda é muito comum. Isso provavelmente aconteça pela falta de compreensão suficiente da fisiopatologia desta doença associada a falta de padronização e protocolos para a investigação e diagnóstico da endometriose.
5. Qual exame confirma o diagnóstico?
Após a suspeita clínica pela história da paciente e exame físico, existem dois exames complementares que auxiliam muito no diagnóstico: a ultrassonografia pélvica com preparo intestinal e a ressonância nuclear magnética da pelve.
6. Confirmando o diagnóstico, é necessário a cirurgia?
A cirurgia está indicada para ressecção dos focos com o objetivo de tratamento da dor e também para tratamento da infertilidade.
7. Existe tratamento não-cirúrgico?
Sim. O objetivo do tratamento não cirúrgico é bloquear a ovulação e consequentemente a menstruação destas mulheres, optando por um método anticoncepcional de uso contínuo, seja ele um IMPLANTE (DIU HORMONAL; IMPLANTE SUBDÉRMICO) ou ANTICONCEPCIONAL ORAL ou ANTICONCEPCIOAL INJETÁVEL.
8. Como é realizada esta cirurgia?
A cirurgia pode ser realizada por videolaparoscopia ou robótica. O objetivo da cirurgia é remover todos os focos identificados de endometriose, para a melhora da fertilidade e da dor.
9. Pesquisas mostram que a Endometriose pode causar infertilidade, a cirurgia pode reverter este sintoma?
Sim. Como dito acima, um dos objetivos da cirurgia é o tratamento da infertilidade, dependendo do grau de acometimento dos órgãos reprodutores. Algumas pacientes vão necessitar de técnicas de reprodução assistida, mesmo após a cirurgia.
10. Após a cirurgia, a mulher deixa de ter a endometriose?
Não. A endometriose é uma condição crônica. Mesmo fazendo a cirurgia, a paciente vai necessitar manter o tratamento clínico, para os focos de endometriose não retornarem.
11. O que pode acontecer caso a endometriose não seja tratada?
A endometriose é uma patologia benigna. O tratamento desta patologia vai depender dos sintomas e da definição de objetivos: dor, melhora da qualidade de vida, infertilidade. Existem pacientes assintomáticas e que não desejam gestar (por já terem a sua prole definida ou por uma escolha) e que não desejam usar métodos hormonais que bloqueiam a menstruação. O não tratamento não irá implicar numa condição grave. Mas esta decisão deve ser conversada com a paciente e a mesma deve ser acompanhada rotineiramente, para novas avaliações caso passe a ser sintomática.