Diagnósticos de Câncer de Intestino aumentam entre a população mais jovem.

Dados da Globocan, da OMS, mostram aumento do número de casos no Brasil e no mundo em pessoas abaixo dos 50 anos de idade. Campanha Março Azul faz alerta para importância da prevenção e diagnóstico precoce no combate a doença.

Você sabe qual é o tipo de câncer que atualmente representa 10% do total de tumores diagnosticados no mundo? Se você respondeu o Câncer de Intestino, acertou. Na publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, o Câncer Colorretal aparece como o segundo tipo mais incidente no país, tanto entre os homens quanto em mulheres, atrás apenas do câncer de pulmão.

Segundo levantamentos realizados pelo INCA, com base nos Registros de Câncer de Base Populacional, a incidência do câncer de intestino teve um aumento surpreendente nas faixas etárias de 20 a 49 anos e de 50 a 69 anos, entre os anos 2000 e 2015. Já as informações dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC) apontam que, entre 2015 e 2019, cerca de 65% dos casos de câncer de intestino foram diagnosticados em estágios avançados, em todas as faixas etárias. Neste momento você provavelmente deve estar se perguntando: “qual seria o motivo para este aumento de casos, em especial entre os mais jovens? ”

Convidamos o Médico Gastroenterologista do Corpo Clínico da Saint Gallen, Dr. Claudio Rodrigues, para explicar mais sobre a doença e trazer luz a este assunto tão latente nos dias de hoje.

  1. Câncer de Colorretal, quais os principais sintomas?

DR. CLAUDIO RODRIGUES, GASTROENTEROLOGISTA.

Mudança do hábito intestinal, dor abdominal, perda de peso inexplicada, sangramento nas fezes, anemia.

  • Nos dias de hoje, a grande maioria das pessoas tem ou conhece alguém que tem alergias alimentares. Estas pessoas têm mais propensão a desenvolver o câncer de intestino?

DR. CLAUDIO RODRIGUES, GASTROENTEROLOGISTA. Até o momento, o câncer do intestino grosso (colorretal) não tem relação estabelecida com alergias alimentares, embora saibamos que o consumo excessivo de alimentos embutidos e processados, álcool e a obesidade são fatores de risco da doença.

  • Falando em alergias alimentares, as pessoas que possuem alguma intolerância ou alergia frequentemente tem sintomas como inchaço, sensação de estufamento, diarreia. Quando este quadro se torna um alerta e merece investigação?

DR. CLAUDIO RODRIGUES, GASTROENTEROLOGISTA. Sugere-se sempre investigar tais sintomas, principalmente após os 40 anos, mas eles representam um sinal de alerta maior quando se tornam persistentes (pelo menos um mês) e se associam aos demais sintomas já mencionados (mudança do hábito intestinal, dor abdominal, anemia, perda de peso, sangramento nas fezes).

  •  Pesquisas mostram que há crescimento de casos de câncer de intestino em pessoas mais jovens, ao que se deve isso?

DR. CLAUDIO RODRIGUES, GASTROENTEROLOGISTA. Sabemos que os diagnósticos na população abaixo de 50 anos têm aumentado, motivo pelo qual em 2021 a recomendação de iniciar o rastreamento da doença foi reduzida dos 50 para 45 anos, no entanto o motivo ainda não está totalmente claro, e provavelmente está relacionado a mais de uma causa – o aumento da obesidade na população e consumo exagerado de álcool, tabaco e alimentos processados.

  • Existem exames de prevenção a este tipo de câncer? Quando ele deve fazer parte dos exames de rotina?

DR. CLAUDIO RODRIGUES, GASTROENTEROLOGISTA. A colonoscopia é o exame indicado para prevenção do câncer colorretal a partir dos 45 anos para toda a população, podendo ser recomendado até antes em casos específicos (quando há alto risco devido ao histórico familiar ou síndromes genéticas).

  • Quais as chances de cura do câncer de intestino?

DR. CLAUDIO RODRIGUES, GASTROENTEROLOGISTA. O prognóstico de todo câncer depende do estágio em que se encontra. No caso do câncer colorretal, a doença ‘localizada’ – quando está restrita ao segmento do intestino onde surgiu, tem uma chance de cura de 90%, porém essa taxa reduz progressivamente com o avanço da doença.

  • Quais os tratamentos disponíveis?

DR. CLAUDIO RODRIGUES, GASTROENTEROLOGISTA. Assim como a chance de cura, o tratamento depende do estágio em que a doença se encontra. Tumores muito precoces podem até ser totalmente removidos com a colonoscopia, embora raro. Conforme a progressão e a disseminação da doença, poderão ser indicadas cirurgia, quimioterapia (oral ou intravenosa) e radioterapia.

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