19 de maio é o Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais (World IBD Day). A data é liderada por organizações de pacientes que representam mais de 50 países nos cinco continentes e é coordenado pela European Federation of Crohn’s & Ulcerative Colitis Associations (EFCCA).
Por conta disto, no Brasil, durante todo o mês é realizada a campanha intitulada Maio Roxo, que conscientiza sobre as chamadas “DII” e faz um alerta aos profissionais de saúde para agirem em caso de suspeita. As Doenças Inflamatórias Intestinais atingem mais de 10 milhões de pessoas ao redor do mundo e tem afetado, em especial, os jovens. A Saint Gallen, Ações e Terapias em Saúde, tem por objetivo promover conteúdo médico de qualidade e por isso convidou o Gastroenterologista, Dr. Claudio Rodrigues, esclarecer as principais dúvidas sobre as DII.
1. Doenças Inflamatórias Intestinais, o que são?
Dr. Claudio Rodrigues, Gastroenterologista – ‘DII’ é um termo que se refere à um grupo de patologias inflamatórias crônicas do trato gastrointestinal – a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. A DC é uma doença que pode comprometer todo trato digestivo, da boca ao ânus, com maior potencial de gravidade. A RCU é limitada ao intestino grosso.
2. Estas doenças são mais comuns em homens ou mulheres? E qual faixa etária mais atingida?
Dr. Claudio Rodrigues, Gastroenterologista – São doenças incomuns, com incidência estimada de 15 a 20 casos a cada 100 mil pessoas, e com distribuição igual entre os sexos. Manifestam-se geralmente ainda na juventude, mas há um segundo pico de incidência após os 50 anos.
3. Como se manifesta? Quais são os primeiros sinais aos quais devemos nos atentar?
Dr. Claudio Rodrigues, Gastroenterologista – Manifesta-se com dor abdominal, diarreia crônica (>4 semanas), presença de sangramento ou pus nas fezes, anemia e emagrecimento.
4. Estas doenças possuem manifestações extraintestinais?
Dr. Claudio Rodrigues, Gastroenterologista – Os pacientes podem apresentar ainda dor em articulações, dor e vermelhidão nos olhos, lesões de pele, anemia, abscessos abdominais, e ainda, raramente, comprometimento das vias biliares. Importante mencionar também que são fator de risco para desenvolvimento do câncer colorretal.
5. Como é feito o diagnóstico das DII?
Dr. Claudio Rodrigues, Gastroenterologista – O diagnóstico é suspeitado com o aparecimento dos sintomas que mencionamos, e a investigação passa pela realização de exames de sangue, fezes, imagem e endoscópicos. A colonoscopia tem papel de destaque nas DII pois possibilita a avaliação minuciosa da mucosa intestinal, permitindo mensurar a extensão da doença e coletar biópsias para análise microscópica, medidas indispensáveis para o diagnóstico.
6. DII tem cura?
Dr. Claudio Rodrigues, Gastroenterologista – São doenças de caráter crônico, portanto, sem cura. A única exceção é retirada completa do intestino grosso, no caso da Retocolite Ulcerativa – medida radical e considerada somente em casos de extrema gravidade. A Doença de Crohn não tem cura, mas ambas podem ser controladas com o tratamento adequado.
7. Quais os tratamentos possíveis?
Dr. Claudio Rodrigues, Gastroenterologista –Diversas medicações foram utilizadas nas últimas décadas para tratamento das DII, como os corticóides e imunossupressores, porém somente após a introdução dos medicamentos imunobiológicos, ocorrida no início dos anos 2000, foi observado um salto nas taxas de controle da doença e qualidade de vida dos pacientes portadores de DII. Novas drogas seguem sendo desenvolvidas e atualmente existem diversas classes de imunobiológicos em utilização nas DII (anti-TNF, anti-integrina, anti-interleucina…)
8. Qual importância de o paciente receber um tratamento multidisciplinar, envolvendo também outras áreas médicas, além de acompanhamento psicológico e nutricional?
Dr. Claudio Rodrigues, Gastroenterologista – As DII são doenças que podem comprometer bastante a qualidade de vida dos pacientes, física e psicologicamente, e por isso demandam atenção multidisciplinar durante seu tratamento. Ao longo de sua jornada, normalmente é indicado o acompanhamento nutricional e psicológico para garantir melhores resultados terapêuticos ao paciente.
Além disso, dependendo do quadro clínico, o paciente portador da doença poderá precisar de acompanhamento médico de diversas especialidades (gastroenterologista, proctologista, reumatologista, infectologista, dermatologista). Nesse ponto fica evidente a importância de contar com uma equipe multiprofissional como a Saint Gallen dispõe.
9. A pessoa que tem DII deve evitar…
Dr. Claudio Rodrigues, Gastroenterologista – …o álcool e o tabaco, a obesidade e inatividade física, o consumo de alimentos processados e ricos em ácidos graxos saturados. O consumo de leite e glúten é individualizado, podendo ser retirado em fases de crise, mas seu consumo não é proibido quando a doença está controlada e o paciente tem boa tolerância.
10. Sugere-se investir em…
Dr. Claudio Rodrigues, Gastroenterologista – …alimentos in natura, carnes magras, ácidos graxos essenciais como ômega-3, fibras, probióticos, vitaminas e zinco, bem como atividade física e sono reparador.