Afinal, o que é o Alzheimer e por que tantas pessoas temem a doença?

Você está conversando com seu parceiro e ele diz que já lhe contou sobre o assunto. Você até tenta, mas nada vem em sua mente. Depois, você vai contar para um amigo sobre o filme que assistiu no final de semana e não consegue lembrar do nome, de jeito algum! Automaticamente você se questiona: “O que está acontecendo? Será Alzheimer? ”.

Calma, muita calma. “O Alzheimer é um distúrbio neurodegenerativo progressivo, que afeta também a memória. É por isso que, havendo esquecimentos, as pessoas tendem a dizer que pode ser Alzheimer. Porém, muito desta falta de memória citada acima pode estar ligada a falta de atenção, ou ao excesso de informações/uso do celular e até mesmo a falta de sono reparador – o Alzheimer apresenta outros fatores, para além da falta de memória”, explica a Médica Neurologista do Corpo Clínico da Saint Gallen, Dra. Ariadene Facco Espig.

Abaixo, a Neurologista responde as principais dúvidas sobre o Alzheimer. Tire um tempo para entender melhor sobre esta doença que foi descoberta em 1906 e tem se tornado cada vez mais conhecida nos dias de hoje.

  1. O que é o Alzheimer?

Dra. Ariadene Facco Espig, Neurologista – A doença de Alzheimer é um distúrbio neurodegenerativo progressivo que afeta a função cognitiva, incluindo memória, pensamento e comportamento. É a forma mais comum de demência em pessoas idosas e se caracteriza por uma perda gradual e irreversível de células cerebrais e conexões neurais, levando a um declínio constante da função cerebral ao longo do tempo.

  1. Em qual idade o Alzheimer costuma aparecer? É mais comum em homens ou mulheres?

Dra. Ariadene Facco Espig, Neurologista – A maioria dos casos de Alzheimer são diagnosticados em pessoas com mais de 65 anos de idade, e o risco de desenvolver a doença aumenta com a idade. No entanto, o Alzheimer também pode afetar pessoas mais jovens, embora isso seja menos comum. A doença de início precoce, que afeta pessoas com menos de 65 anos, representa cerca de 5% a 10% dos casos de Alzheimer.

O Alzheimer afeta homens e mulheres de forma relativamente igual, embora haja algumas diferenças de gênero em relação à prevalência e ao desenvolvimento da doença. Estima-se que, em todo o mundo, cerca de dois terços das pessoas com Alzheimer sejam mulheres, em parte devido à expectativa de vida mais longa das mulheres.

No entanto, estudos também sugerem que as mulheres têm um risco ligeiramente maior de desenvolver a doença em comparação com os homens, independente da expectativa de vida. Alguns fatores que podem contribuir para essa diferença de gênero incluem hormônios, genética, estilo de vida e outras condições de saúde.

  1. Como diferenciar Alzheimer de esquecimentos e confusões normais da velhice?

Dra. Ariadene Facco Espig, Neurologista – Pode ser difícil diferenciar o declínio cognitivo normal, associado ao envelhecimento, de um possível início de Alzheimer ou de outra forma de demência. Algumas mudanças cognitivas normais relacionadas com a idade podem incluir esquecimentos ocasionais, lentidão para lembrar nomes ou detalhes, dificuldade para encontrar palavras, distração e dificuldade para lidar com multitarefas.

No entanto, o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que causa um declínio cognitivo progressivo e persistente que interfere significativamente na capacidade da pessoa de realizar atividades diárias. Algumas diferenças importantes entre as mudanças cognitivas normais e os sintomas do Alzheimer podem incluir:

  • Esquecimentos frequentes de informações recentes, como eventos que acabaram de acontecer, nomes de familiares próximos ou compromissos importantes.
  • Dificuldade para realizar tarefas simples, como preparar uma refeição ou vestir-se, que antes eram rotineiras.
  • Confusão ou desorientação em relação a lugares familiares, como o próprio bairro ou a casa onde a pessoa vive há muito tempo.
  • Mudanças significativas no humor ou na personalidade, como apatia, irritabilidade ou depressão.
  • Problemas com a linguagem, como dificuldade para encontrar palavras, falar ou escrever.
  • Dificuldade em seguir instruções simples ou realizar tarefas que exigem várias etapas.

Se você possui ou conhece alguém que esteja enfrentando esses tipos de sintomas, é importante procurar ajuda médica. Um diagnóstico precoce do Alzheimer pode ajudar a gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida da pessoa afetada. Um Neurologista pode realizar uma avaliação cognitiva completa e determinar se há alguma preocupação em relação ao declínio cognitivo e, havendo necessidade, solicitar exames adicionais.

  1. Qual especialidade médica que faz diagnóstico e trata a doença?

Dra. Ariadene Facco Espig, Neurologista – Neurologistas: que são os especialistas em diagnóstico e tratamento de doenças neurológicas, incluindo o Alzheimer. Geriatras: médicos especializados no cuidado de pessoas idosas e que podem estar envolvidos no tratamento de pessoas com Alzheimer.

  1. Tem como saber se teremos a doença? Algum exame que possa ser feito?

Dra. Ariadene Facco Espig, Neurologista – Não há como prever com certeza se uma pessoa terá a doença de Alzheimer. No entanto, alguns fatores de risco podem aumentar a probabilidade de desenvolver a doença. Esses fatores incluem:

  • Idade avançada: o risco de desenvolver Alzheimer aumenta com a idade. A maioria das pessoas com Alzheimer tem 65 anos ou mais.
  • Histórico familiar: pessoas com parentes de primeiro grau com Alzheimer têm maior probabilidade de desenvolver a doença.
  • Genética: certas mutações genéticas raras podem levar ao desenvolvimento precoce do Alzheimer.
  • Lesões cerebrais: histórico de lesões cerebrais traumáticas ou outras doenças que afetam o cérebro podem aumentar o risco de Alzheimer.
  • Problemas de saúde crônicos: condições de saúde crônicas, como doença cardíaca, diabetes, hipertensão e colesterol alto, podem aumentar o risco de desenvolver Alzheimer.

Atualmente, não existe um exame único que possa prever com precisão se uma pessoa terá a doença de Alzheimer no futuro. No entanto, existem alguns testes genéticos que podem identificar mutações genéticas raras que estão associadas a um risco aumentado de desenvolver Alzheimer precoce. Esses testes são geralmente recomendados apenas para pessoas com um histórico familiar conhecido de Alzheimer e são realizados por um especialista em genética.

Além disso, existem testes cognitivos que podem ajudar a avaliar a função cognitiva de uma pessoa e identificar possíveis sinais precoces de demência. Esses testes podem ser realizados por um profissional de saúde, como um neurologista ou psicólogo, e podem incluir uma avaliação neuropsicológica completa.

No entanto, é importante lembrar que o diagnóstico de Alzheimer só pode ser feito por um médico, geralmente um neurologista, após uma avaliação completa da história médica, exame físico e avaliação neurológica.

 

  1. Alzheimer é hereditário?

Dra. Ariadene Facco Espig, Neurologista – Existem algumas formas raras de Alzheimer que são herdadas geneticamente e são conhecidas como Alzheimer familiar ou de início precoce. No entanto, essas formas hereditárias representam menos de 5% de todos os casos de Alzheimer.

Para a grande maioria dos casos de Alzheimer, a doença não é considerada hereditária no sentido clássico da palavra. Em vez disso, acredita-se que vários fatores genéticos e ambientais possam contribuir para o desenvolvimento da doença.

Existem certos fatores genéticos que podem aumentar o risco de desenvolver Alzheimer, como a presença do gene APOE e outras variantes genéticas identificadas através de estudos genéticos recentes. No entanto, mesmo com esses fatores genéticos, o risco de desenvolver Alzheimer é influenciado por fatores ambientais e estilo de vida, como dieta, exercício físico, exposição a toxinas, entre outros.

Se houver histórico familiar de Alzheimer, é importante discutir isso com um profissional de saúde para entender melhor os riscos e o que pode ser feito para reduzir o risco de desenvolver a doença.

  1. Existe tratamento para o Alzheimer?

Dra. Ariadene Facco Espig, Neurologista – O tratamento do Alzheimer atualmente não pode curar a doença, mas pode ajudar a melhorar os sintomas e a qualidade de vida do paciente. O tratamento do Alzheimer é individualizado e baseado nas necessidades específicas de cada paciente, mas geralmente envolve o uso de medicamentos e terapias não farmacológicas.

Medicamentos: Existem vários medicamentos disponíveis para ajudar a tratar os sintomas do Alzheimer, como a perda de memória, a dificuldade de comunicação e as alterações comportamentais. Esses medicamentos podem ajudar a melhorar a função cognitiva, a estabilizar o humor e a controlar outros sintomas da doença. O tipo e a dose do medicamento dependem das necessidades individuais de cada paciente e podem ser ajustados ao longo do tempo.

Terapias não farmacológicas: As terapias não farmacológicas podem ajudar a melhorar a qualidade de vida do paciente com Alzheimer e incluem terapia ocupacional, fisioterapia, musicoterapia e terapia comportamental. Essas terapias são projetadas para ajudar o paciente a manter a independência e a capacidade funcional por mais tempo.

Além disso, é importante que os cuidadores recebam apoio e orientação para ajudá-los a cuidar do paciente com Alzheimer. A terapia de apoio e a educação sobre a doença e a melhor forma de cuidar do paciente podem ser muito úteis.

É importante lembrar que o tratamento do Alzheimer é um processo contínuo e pode ser ajustado ao longo do tempo, dependendo da progressão da doença e das necessidades do paciente.

 

  1. Mudanças na alimentação e suplementação podem contribuir para amenizar sintomas do Alzheimer e ter qualidade de vida?

Dra. Ariadene Facco Espig, Neurologista – Sim, mudanças na alimentação e suplementação podem contribuir para amenizar os sintomas do Alzheimer e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Uma dieta saudável e equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, pode ajudar a melhorar a saúde geral e reduzir o risco de doenças crônicas, incluindo o Alzheimer. Alguns estudos sugerem que seguir uma dieta mediterrânea pode ser particularmente benéfico para o cérebro e ajudar a reduzir o risco de desenvolver a doença.

Além disso, a suplementação com nutrientes específicos, como vitaminas, ômega-3 e antioxidantes, pode ajudar a melhorar a saúde cognitiva e reduzir o risco de desenvolver a doença. No entanto, é importante consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer suplementação, pois alguns suplementos podem interferir com outros medicamentos ou causar efeitos colaterais.

É importante ressaltar que, embora a dieta e a suplementação possam ser benéficas para o cérebro e ajudar a reduzir o risco de doenças neurodegenerativas, elas não são uma cura para o Alzheimer e não substituem o tratamento médico convencional. O tratamento do Alzheimer deve ser sempre guiado por um profissional de saúde capacitado e experiente.

 

  1. Existe prevenção ao Alzheimer?

Dra. Ariadene Facco Espig, Neurologista –  Embora não haja uma maneira comprovada de prevenir completamente o Alzheimer,várias medidas que podem ser tomadas para reduzir o risco de desenvolver a doença ou atrasar sua progressão. Aqui estão algumas medidas que podem ajudar na prevenção do Alzheimer:

  • Estilo de vida saudável: manter um estilo de vida saudável pode reduzir o risco de desenvolver o Alzheimer. Isso inclui fazer exercícios físicos regulares, manter uma dieta saudável e equilibrada, controlar o estresse e dormir o suficiente.
  •  Atividade cognitiva: manter o cérebro ativo pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver a doença. Isso pode incluir atividades como ler, jogar jogos de quebra-cabeça, aprender uma nova habilidade ou idioma e participar de atividades sociais.
  •  Controle de doenças crônicas: o controle de doenças crônicas como diabetes, hipertensão arterial e colesterol alto pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver o Alzheimer.
  •  Evitar fumar e consumir álcool em excesso: tanto o tabagismo quanto o consumo excessivo de álcool podem aumentar o risco de desenvolver a doença de Alzheimer.
  •  Manter a saúde mental: manter a saúde mental é importante na prevenção do Alzheimer. Isso pode incluir a busca por tratamento para doenças mentais, como depressão e ansiedade.

O Fevereiro Laranja & Roxo faz referência a 4 doenças: Leucemia, Lúpus, Fibromialgia e Alzheimer. O principal objetivo da campanha é conscientizar o maior número de pessoas para a prevenção e para a identificação dos principais sintomas das doenças, oportunizando assim a busca pelo profissional indicado e o acesso a tratamentos que tenham comprovação científica. Esta entrevista explica sobre o Alzheimer, mas já falamos sobre Lúpus e Fibromialgia também, tem tudo lá no nosso Instagram: @saintgallen.saude

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