FEVEREIRO ROXO: reumatologista explica importância do diagnóstico precoce e tratamento correto do Lúpus e Fibromialgia.

Fevereiro ganhou a cor roxa para chamar atenção sobre assuntos muito importantes: a conscientização sobre Lúpus, Fibromialgia e Alzheimer. As duas primeiras, doenças diagnosticadas e tratadas pelo reumatologista, e a terceira pelo neurologista. O que elas têm em comum? Lúpus, fibromialgia e o Azlheimer não têm cura, porém, se diagnosticadas precocemente podem ter sintomas controlados, possibilitando uma melhora da qualidade de vida de quem convive com elas.

Convidamos a Médica Reumatologista e Especialista em Medicina da Dor, Dra. Tatiane Fortuna Bruxel, para explicar sobre lúpus e fibromialgia.

  1. Fevereiro é o mês dedicado para falar sobre fibromialgia e lúpus. O que são estas doenças e o que elas têm em comum?

Dra. Tatiane Fortuna Bruxel – A fibromialgia é considerada a doença reumatológica mais frequente. É caracterizada principalmente por dor crônica difusa, migratória que piora no repouso e está associada a fadiga, distúrbios do sono, cefaleia e parestesias. Sua etiologia ainda não está bem esclarecida, mas se sabe que ela amplifica a transmissão do estímulo doloroso causando alteração da percepção da dor.

Já o Lúpus eritematoso sistêmico (LES) é considerado uma doença imunomediada caracterizada pela produção de autoanticorpos e formação de imunocomplexos causando inflamação em diversos órgãos e dano tecidual. É então uma doença autoimune. As características clínicas são polimórficas, de evolução crônica, com períodos de exacerbação e remissão. Sua etiologia ainda é pouco conhecida, porém sabe-se da importante participação de fatores hormonais, ambientais, genéticos e imunológicos para o surgimento da doença.

A mortalidade dos pacientes com LES é cerca de 3 a 5 vezes maior do que a da população geral e está relacionada a atividade inflamatória da doença, especialmente quando há acometimento renal e do sistema nervoso central, a maior risco de infecções graves decorrentes da imunossupressão e, tardiamente, às complicações da própria doença e do tratamento, sendo a doença cardiovascular um dos mais importantes fatores de morbidade e mortalidade dos pacientes.

  • Por que é tão importante conscientizar as pessoas sobre estas doenças?

Dra. Tatiane Fortuna Bruxel – A conscientização sobre fibromialgia e LES é fundamental devido à sua natureza complexa e muitas vezes incompreendida. Ambas podem ser difíceis de diagnosticar e gerenciar, o que pode levar a um grande impacto na qualidade de vida dos pacientes. A educação pública ajuda a reduzir o estigma em torno dessas condições e promove uma compreensão mais empática das experiências dos pacientes.

  • Quais os principais sintomas?

Dra. Tatiane Fortuna Bruxel – Os sintomas são diversos e podem variar muito de pessoa para pessoa. Vou listar então os mais comuns em cada caso.

Fibromialgia: dor crônica difusa, migratória que piora no repouso e está associada a fadiga, distúrbios do sono, cefaleia e parestesias. Sua etiologia ainda não está bem esclarecida, mas se sabe que ela amplifica a transmissão do estímulo doloroso causando alteração da percepção da dor.

Lúpus: febre, fotossensibilidade – rash malar (assa de borboleta), úlceras em pele e mucosas, perda de peso, mialgia, fadiga, alopecia, artrite, serosite, nefrite, vasculite, miosite, manifestações hematológicas, neuropsiquiátricos, hiperatividade reticuloendotelial, pericardite e pneumonite.  

  • Estas são doenças mais comuns em homes ou mulheres? Qual faixa etária?

Dra. Tatiane Fortuna Bruxel – No Brasil, cerca de 2,5% da população apresenta fibromialgia, mais comum em mulheres (1 homem para cada 5 mulheres) principalmente entre 34-44 anos. Já o Lúpus, afeta indivíduos de todas as raças, sendo 9 a 10 vezes mais frequente em mulheres durante a idade reprodutiva. No Brasil, estima-se uma incidência em torno de 8,7 casos para cada 100.000 pessoas por ano.

  • Como é feito o diagnóstico?

Dra. Tatiane Fortuna Bruxel – O diagnóstico de fibromialgia é clínico, feito através da anamnese e exame físico, realizado pelo médico reumatologista, em consultório. Já o diagnóstico de Lúpus é feito através do reconhecimento pelo médico reumatologista de um ou mais dos sintomas da doença. Ao mesmo tempo, como algumas alterações nos exames de sangue e urina são muito características, eles também são habitualmente utilizados para a definição final do diagnóstico. Exames comuns de sangue e urina são úteis não só para o diagnóstico da doença, mas também são muito importantes para definir se há atividade do LES. 

  • Estas doenças tem cura? Como são os tratamentos?

Dra. Tatiane Fortuna Bruxel – Fibromialgia e Lúpus não possuem cura, mas ambas têm tratamento, cujo objetivo principal é a remissão da doença (desaparecimento dos sintomas). O tratamento de fibromialgia consiste em terapias multidisciplinares com educador físico (atividade física), fisioterapia, nutricional (controle do peso), psicológico (psicoterapia)e médico (medicamentoso).

O tratamento da pessoa com LES vai depender do tipo de manifestação apresentada e por isso 100% individualizado. O paciente poderá necessitar de um, dois ou mais medicamentos em uma fase (ativa da doença) e, poucos ou nenhum medicamento em outras fases (não ativas ou em remissão). O tratamento sempre irá incluir remédios para regular as alterações imunológicas do lúpus e de medicamentos gerais para regular alterações que a pessoa apresente em consequência da inflamação causada pela doença, como hipertensão, inchaço nas pernas, febre, dor etc.

  • É possível ter qualidade de vida mesmo possuindo alguma destas doenças?

Dra. Tatiane Fortuna Bruxel – O diagnóstico precoce de fibromialgia aliado ao tratamento adequado melhora a funcionabilidade do paciente; previnem as interações com outras comorbidades como depressão, síndrome do intestino irritável, ansiedade e síndrome miofascial além de proporcionando melhor qualidade de vida para o paciente e sua família. O mesmo acontece com o LES. Uma vez que diagnosticado, o reumatologista irá acompanhar o paciente na busca pela remissão da doença e orientar sobre hábitos para uma vida saudável e com qualidade.

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